Lembrei-me por um momento
de quando tinha 6 anos de idade, e minha mãe me levou à igreja. Eu fiquei na
escola dominical. A professora disse que Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o Seu Filho, Seu único Filho, para morrer por nós. Lembrei que nesse dia eu
havia feito uma oração para que Deus cuidasse de mim.
"Se o Senhor está aí
mesmo, se existe de verdade, então olha para mim agora e mostra isso. Senão vou
apertar o gatilho e me matar. Nesse momento, um policial apareceu e gritou:
"Sobrevivente!"
Daquele tanto de gente
que havia no morro, apenas três pessoas sobreviveram, eu era uma delas. Me
levaram para uma ambulância e lá me examinaram. Eu estava em estado de choque,
fui levada para o hospital. Adormeci, não me lembro de mais nada.
Uma semana à base de
remédios, a dependência da droga fazia com que eu me debatesse o tempo todo.
Então tiveram que me amarrar.
Emagreci mais ainda: 1,70
m, pesando 39 quilos, pele e osso. Acordei, não sabia onde estava. Olhei para
os lados, as paredes brancas, cheiro de éter, aparelhos ao meu redor, não
conseguia enxergar bem, estava muito fraca, mal abria os olhos. Havia alguém ao
meu lado, com perfume de alfazema, mão pequena, pele clara, segurando meu rosto
com uma das mãos e com a outra trazendo para minha boca uma colher com sopinha
de leite e bolacha. Era a "coisa".
Ai, ai, o que eu faço
agora? Não consigo gritar para ela sair daqui, não tenho forças nem para abrir
os olhos direito, não consigo nem pensar...
24ª de um total de
28 crônicas.
Continua na
próxima edição.
A história é
fictícia e baseada em fatos do cotidiano.
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