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domingo, 27 de maio de 2012

Entre a vida e a morte



Lembrei-me por um momento de quando tinha 6 anos de idade, e minha mãe me levou à igreja. Eu fiquei na escola dominical. A professora disse que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho, Seu único Filho, para morrer por nós. Lembrei que nesse dia eu havia feito uma oração para que Deus cuidasse de mim.

"Se o Senhor está aí mesmo, se existe de verdade, então olha para mim agora e mostra isso. Senão vou apertar o gatilho e me matar. Nesse momento, um policial apareceu e gritou: "Sobrevivente!"

Daquele tanto de gente que havia no morro, apenas três pessoas sobreviveram, eu era uma delas. Me levaram para uma ambulância e lá me examinaram. Eu estava em estado de choque, fui levada para o hospital. Adormeci, não me lembro de mais nada.

Uma semana à base de remédios, a dependência da droga fazia com que eu me debatesse o tempo todo. Então tiveram que me amarrar.

Emagreci mais ainda: 1,70 m, pesando 39 quilos, pele e osso. Acordei, não sabia onde estava. Olhei para os lados, as paredes brancas, cheiro de éter, aparelhos ao meu redor, não conseguia enxergar bem, estava muito fraca, mal abria os olhos. Havia alguém ao meu lado, com perfume de alfazema, mão pequena, pele clara, segurando meu rosto com uma das mãos e com a outra trazendo para minha boca uma colher com sopinha de leite e bolacha. Era a "coisa".

Ai, ai, o que eu faço agora? Não consigo gritar para ela sair daqui, não tenho forças nem para abrir os olhos direito, não consigo nem pensar...

24ª de um total de 28 crônicas.

Continua na próxima edição.

A história é fictícia e baseada em fatos do cotidiano.

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