Outros meses se passaram.
Eu continuei firme e forte no meu propósito de mudar de vida. Fui à igreja e
percebi que o olhar, tanto da minha tia quanto da menina, eram diferentes.
Parecia que saía uma luz. Eu queria aquela luz. Eu queria aquela confiança.
Queria conhecer aquela alegria que não tinha fim. Mesmo tendo problemas, elas
eram alegres. Já eu... Eu não era alegre; estava me libertando das drogas,
tinha um lar bonito, era até amada, mas não tinha aquela alegria que vem da
alma.
Ouvi uma mensagem na
igreja: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos
nossos devedores." (Mateus 6.12)
Como posso perdoar alguém
que me fez tanto mal? Acho que isso é injustiça! Não posso perdoar essa menina,
eu a odeio.
Chegando em casa,
observei a menina. Era tão carinhosa comigo e com minha tia... Afinal, ela não
teve culpa por ter nascido. Meu coração estava mudando, mas será que eu queria
perdoá-la? Bem, eu não sabia como fazer isso...
Hora do jantar. Como
sempre, os três pratos colocados junto ao jogo americano vermelho. Os talheres
bem posicionados e uma saborosa comida. A menina fez suco natural de limão; eu
amo suco de limão com bastante gelo, muito gelo. E ela me serviu. Suco de limão
com muitas pedras de gelo.
Pela primeira vez olhei
para ela e disse:
– Por que me serviu? Eu
não falo com você, nunca falei.
– Não precisa falar
comigo, mamãe. Eu te amo sempre, te amo de graça, porque é minha mãe.
A comida parou em minha
garganta. Saí da mesa e fui para meu quarto. Tranquei a porta, não queria falar
com ninguém. Será tão difícil assim perdoar? Não sei o que fazer. Não sei como
agir.
30ª de um total de
33 crônicas.
Continua na
próxima edição.
A história é
fictícia e baseada em fatos do cotidiano.
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