29 de julho de 1988,
21h20
Era sexta-feira, dia de
festa. Eu não estava muito bem. Há algumas semanas vinha sentindo enjoos e
dores de cabeça. Nem quando misturava todas as bebidas ficava assim. Não podia
reclamar com o André. Ele era um tanto explosivo e se eu deixasse de ir a
alguma festa com ele, provavelmente ficaria com outra menina. Não podia
perdê-lo por nada do mundo.
Fomos com Caio, amigo
nosso, para a balada. A música estava alta e o funk era a grande sensação. Bebi
muito, como sempre. Dancei a noite toda e beijei muito. A maconha estava
presente. Eu curtindo! Por um momento, me lembrei de algo que minha mãe falava.
Ela sempre dizia que ninguém se prepara para morrer. Todo mundo se prepara para
tudo, menos para a morte. Nem sei por que isso passou em minha mente. Eu não me
preparava para morrer porque estava preparada para viver e curtir tudo que
podia.
Continuava no meio da
pista com meu copo de uísque e meu cigarro. Uma forte dor abdominal me dominou.
Caí. Fui pisoteada pelas pessoas que dançavam ao meu lado e me machuquei
bastante. André, de imediato, me pegou no colo e me colocou sentada em uma das
cadeiras perto do bar. Lá, o som estava mais baixo.
Percebi que estava
sangrando. Pedi que me levassem para o hospital. Caio me levou, juntamente com
Aninha e André. No caminho, muitas coisas passaram em minha mente. “Será que
vou morrer? Por que sangro tanto?” Fiz, então, uma oração; muito envergonhada,
mas fiz. Falei a Deus que, se Ele me guardasse, eu voltaria para os Seus
caminhos... Desmaiei.
11ª de um total de 25
crônicas.
Continua na próxima
edição.
A história é fictícia e
baseada em fatos do cotidiano.
Colaborou: Méuri Luiza
Nenhum comentário:
Postar um comentário