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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Ninguém se prepara para morrer


29 de julho de 1988, 21h20

Era sexta-feira, dia de festa. Eu não estava muito bem. Há algumas semanas vinha sentindo enjoos e dores de cabeça. Nem quando misturava todas as bebidas ficava assim. Não podia reclamar com o André. Ele era um tanto explosivo e se eu deixasse de ir a alguma festa com ele, provavelmente ficaria com outra menina. Não podia perdê-lo por nada do mundo.

Fomos com Caio, amigo nosso, para a balada. A música estava alta e o funk era a grande sensação. Bebi muito, como sempre. Dancei a noite toda e beijei muito. A maconha estava presente. Eu curtindo! Por um momento, me lembrei de algo que minha mãe falava. Ela sempre dizia que ninguém se prepara para morrer. Todo mundo se prepara para tudo, menos para a morte. Nem sei por que isso passou em minha mente. Eu não me preparava para morrer porque estava preparada para viver e curtir tudo que podia.

Continuava no meio da pista com meu copo de uísque e meu cigarro. Uma forte dor abdominal me dominou. Caí. Fui pisoteada pelas pessoas que dançavam ao meu lado e me machuquei bastante. André, de imediato, me pegou no colo e me colocou sentada em uma das cadeiras perto do bar. Lá, o som estava mais baixo.

Percebi que estava sangrando. Pedi que me levassem para o hospital. Caio me levou, juntamente com Aninha e André. No caminho, muitas coisas passaram em minha mente. “Será que vou morrer? Por que sangro tanto?” Fiz, então, uma oração; muito envergonhada, mas fiz. Falei a Deus que, se Ele me guardasse, eu voltaria para os Seus caminhos... Desmaiei.

11ª de um total de 25 crônicas.

Continua na próxima edição.

A história é fictícia e baseada em fatos do cotidiano.

Colaborou: Méuri Luiza

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