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domingo, 1 de janeiro de 2012

“Sentia as dores com ela”

Não podia ser egoísta a esse ponto e continuei a cuidar dela. Era hora do almoço. Minha mãe tinha fome. Enquanto isso, o câncer tomava-lhe todo o corpo. Estava difícil se alimentar. Sua língua estava com feridas, a garganta completamente em carne viva. Fiz uma sopa com leite e bolacha, e com uma colher pequena fui colocando em sua boca. Eu sentia as dores com ela, seu gemido cravava dentro de mim como uma foice...



Ai, que dor! Dor na alma, no coração, não podia fazer nada. Minha mãe estava morrendo. Nessas horas, eu me esquecia do monstro. A dor da minha mãe era muito maior, imensamente maior. Ela tomou morfina. As dores aliviaram e fomos para casa. Passaram-se 5 meses, ela voltou sete vezes para o hospital, e tudo se repetia, dia a dia, até que numa noite eu acordei assustada. Tive pesadelos com o monstro, fui até o quarto dos meus pais e minha mãe estava muito suada. Peguei uma toalha molhada e enxuguei o seu rosto. Meu pai acordou e me ajudou a levantá-la.



“Eu amo muito vocês”, disse minha querida mãe. Nesta noite, ela morreu nos braços de meu pai. Meu mundo desmoronou.



Um mês se passou após sua morte, e meu pai começou a beber. Não suportava mais a dor da falta de sua amada. E eu? Como fico? Voltei às aulas, não ia muito bem em matemática, não conseguia entender nada das equações que eram ensinadas. Já estava com quase 11 anos e minha cabeça não funcionava muito bem. Sempre tendo pesadelos com o monstro e a lembrança da minha mãe. Meu pai tornou-se um viciado, eu nem tinha comida decente, vivia de leite ou macarrão sem molho.



Continua na próxima edição.



A história acima é fictícia e baseada em fatos do cotidiano.

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