Recomeçaram as aulas e Anne era ótima aluna em todas as matérias, muito inteligente e atenciosa. Às vezes, a professora conversava com a menina, por isso Anne viu em dona Clara uma pessoa digna de confiança.
Sempre desabafava com ela, falava sobre a dor que havia em seu peito por ser rejeitada pela mãe.
– Às vezes acho impossível que minha mãe me ame...
– Anne, minha querida, sou evangélica há muitos anos e sei que Deus é poderoso para mudar toda e qualquer situação.
– Como Deus pode mudar a minha mãe? Ela vive no mundo da prostituição e agora está viciada em crack. Posso ser criança, mas sei que ela vai morrer. Não fala coisa com coisa, tudo que ela tem é sujo, o quarto dela sou eu quem arruma; ela está morrendo, tem alucinações, diz que bichos correm por seu corpo, mas não quer ajuda de ninguém. Ela sempre fala que quando quiser parar ela para, mas sei que isso não é verdade. Ela já está condenada à morte.
Como pode uma menina tão pequena saber tanta coisa? Saber que sua mãe pode morrer a qualquer momento... Quem lhe ensinou isso?
– Tem uma passagem na Bíblia que diz assim:
"Jurou o Senhor dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará". (Isaías 14.24)
– Temos o poder para isso? Pensar e acontecer? Mesmo eu sendo criança, Deus pode ouvir a minha oração?
– Sim, Ele ouve a todos que clamam com fé.
Fé, palavra muito poderosa, que penetrou no coração de Anne. A partir desse dia, ela passou a viver sua fé. Seu grande desejo era salvar sua mãe; e para isso empenhou-se dia a dia.
– Dona Clara, se toda noite eu fizer uma oração pela minha mãe, Deus vai me ouvir?
– Sim, se você acreditar.
17ª de um total de 22 crônicas.
Continua na próxima edição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário