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terça-feira, 2 de abril de 2013

Isso é coisa de gente tapada!


Lembrei-me do último retiro de que participara. Ainda era pequena, me divertira muito e aprendera que Deus é O único que pode nos dar alegria.

Uma dor invadiu meu ser. Comecei a pensar se era feliz.

– Aqui está o café da manhã de vocês. Noto que está vendo o convite para o nosso retiro. Se quiserem, podem ir, tenho certeza de que irão gostar muito.

– Senhora, retiro é coisa de gente tapada! Somos jovens e descolados. Queremos viver a vida enquanto temos forças, depois podemos pensar em aceitar esse Deus de vocês.

– A oportunidade pode ir embora e vocês não terem outra.

André me olhou e desandou a rir. Fiquei quieta, não sabia o que dizer.

O café da manhã parecia não passar na minha garganta. Senti uma grande angústia na alma.

15 de outubro de 1988, 23h47.

– Um dia, o Homem de Branco enviou aquela senhora para falar dEle para você. Nós estávamos do seu lado, fechando seus ouvidos para que não entendesse o que ela falava.

– Mas eu ouvi, sim! Aceitei Jesus naquele dia!

(gargalhadas)

– Não aceitou, não! Você voltou para sua vida e quis vivê-la. Fez todas as nossas vontades. Preferiu o mundo.

Todos aqueles dias passaram em minha mente. Parecia o tormento eterno. Lembrei-me de cada momento. De cada palavra. De cada pessoa vindo me falar que Deus me queria de volta. Tudo era nítido em minha mente, e o que eu estava vivendo agora era real.

A dor era real. O cheiro horrível era real. Os fortes gritos eram reais.

Pessoas pedindo uma última chance estavam por todo lado.

– Quanto desespero! Quanta dor! Não quero ficar aqui! Por que não dei ouvidos àquela senhora? Por que não dei ouvidos à minha querida mãe?

10ª de um total de 25 crônicas.

Continua na próxima edição.

A história é fictícia e baseada em fatos do cotidiano.

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